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O futuro do trabalho: o que as empresas devem saber hoje

O mercado já está a influenciar o futuro do trabalho. Mostramos as tendências mais recentes e revelamos os desafios que os gestores têm de conhecer.

08.10.2021
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A digitalização, a globalização e as mudanças demográficas estão a alterar o mercado laboral e a criar desafios às empresas. Porém, ao mesmo tempo, o futuro do trabalho oferece oportunidades. Explicamos aqui às Pequenas e Médias Empresas (PME) como é que o mundo do trabalho se está a desenvolver e o que devem saber.

O futuro do trabalho está hoje por toda a parte. Seja o Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, a Fundação Robert Bosch ou as empresas internacionais de consultoria, desde a Ernst & Young à Roland Berger, passando pela PricewaterhouseCoopers, todos estão a tentar perceber como é que iremos trabalhar no futuro. Todos querem estar tão bem preparados quanto possível e ter um plano para quando o futuro se tornar presente.

Mudanças Demográficas:

Um fator crucial que irá alterar o mundo do trabalho no futuro é a demografia. A Europa está a envelhecer, assim como os cidadãos empregados. Até 2030, a população jovem e o número de pessoas na meia-idade vai diminuir consideravelmente; a proporção de idosos, pelo contrário, vai aumentar de forma significativa. A consequência: uma redução drástica de trabalhadores entre os 15 e os 54 anos e uma competição crescente por funcionários mais jovens.
 
Ao mesmo tempo, uma tendência que os investigadores têm observado há já algum tempo está a tornar-se cada vez mais notória: em contraste até com o século XX, há cada vez mais mulheres a trabalhar. No futuro, isso significa que um número crescente de mulheres em todas as faixas etárias irá seguir uma carreira. As empresas devem estar preparadas para essa oportunidade. Entre os homens, o pano de fundo das mudanças demográficas significa que apenas o grupo de funcionários que celebraram pelo menos 55 aniversários está a aumentar em quantidade.

Um ponto de venda único: produtos e serviços de maior qualidade 

O progresso da globalização está a romper padrões estabelecidos na economia global e, por isso, também vai influenciar o trabalho no futuro. Nesse sentido, os centros económicos que estiveram durante décadas ancorados na Europa ou nos Estados Unidos da América estão cada vez mais a deslocar-se para a Ásia. E será ainda mais comum, no futuro, as empresas produzirem cada vez mais em países onde os custos do trabalho são significativamente mais baixos.
 
Consequentemente, os empregos que requerem qualificações e competências mínimas estão a ser criados no exterior, em contraste com a Alemanha e o resto da Europa, onde a maioria das pessoas com um bom nível de formação e educação estão empregadas. Com esse nível de competências e formação, é praticamente inevitável que passem a ser fornecidos produtos e serviços de qualidade superior.
 
Mas a globalização não vem mexer apenas com os perfis laborais e com os pontos-chave da produção. Também está a tornar a competição mais intensa. A consequência: uma onda de inovações tecnológicas e aumentos de produtividade. Apenas as empresas que consigam acompanhar esta tendência terão uma oportunidade para um futuro de sucesso.

A digitalização cria novos empregos

Para além da globalização, a digitalização é outro dos principais fatores a influenciar o futuro do trabalho. Ponto prévio: o medo do poder das máquinas não é justificado. Embora muitos empregos venham a ser perdidos por causa da automatização e de outras tecnologias, a criação de novas carreiras irá equilibrar o desaparecimento de outras funções. O gráfico abaixo mostra como essa relação irá desenvolver-se na Alemanha até 2035. O panorama no resto da Europa será semelhante.
 
A digitalização cria mais oportunidades para especialistas qualificados e para funcionários com elevados níveis de formação. Além disso, irá gerar ramos profissionais totalmente novos: a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê que 65 % das crianças de hoje irão trabalhar em empregos que ainda não existem. Acima de tudo, as empresas terão uma procura maior por empregos que envolvam investigação, comunicação, criatividade, tomada de decisões e coordenação.
 
Cada vez mais pessoas vão trabalhar em serviços empresariais, nos setores de consultoria, jurídico, administrativo, engenharia e IT. Os fornecedores de serviços financeiros e os setores de saúde e serviços sociais estão em crescimento e vão anunciar mais posições no futuro. E as indústrias criativas e de comunicação estão também a passar por um crescimento do emprego, sobretudo na publicidade e no marketing.

 

Descrições de emprego para dinossauros

Hoje já existem categorias profissionais novas que ainda não têm qualificações por não existirem cursos relevantes. Mas há perfis laborais com um futuro brilhante, que muitas empresas irão contratar mais cedo ou mais tarde. Eis uma seleção:

  • Gestor de e-commerce
  • Designer UX
  • Cientista de dados
  • Gestor de cadeias de fornecimento
  • Programador mobile
  • Especialista em cibersegurança
  • Criador de conteúdos
  • Formador de IT
  • Programador de aplicações
  • Especialista em SEO

 
Outros grupos profissionais vão adaptar-se e coexistir com as tecnologias do futuro, ou desaparecer por completo.

Sobretudo os trabalhadores em indústrias tradicionais de processamento, por exemplo, impressão em papel, comércio e transportes, e administração pública terão de se reorientar. Os exemplos são:
 

  • Vendedores de retalho e armazenistas
  • Rececionistas
  • Operadores telefónicos
  • Compradores
  • Motoristas
  • Funcionários bancários
  • Profissionais de catering e restauração
  • Funcionários de armazém
  • Mecânicos
  • Trabalhadores de transportes

 
No futuro, estas tarefas serão desempenhadas por robôs, Inteligência Artificial ou software refinado. Em particular, as empresas que produzem constantemente, usando os mesmos fluxos de trabalho, vão fazer uso da automatização.
 
De uma forma geral, a digitalização e a demografia vão enriquecer o futuro do trabalho: uma vez que haverá menos 3,5 milhões de trabalhadores, a longo prazo, as novas invenções e tecnologias podem substituir (ou apoiar) os funcionários em falta. Tal como as máquinas apoiam os operários em atividades fisicamente difíceis, por exemplo na construção e na saúde, ambas as tendências tendem a aliviar a sobrecarga de funcionários especializados.

A forma correta para as empresas reagirem às transformações

As PME são vistas como o pilar da economia alemã. De forma a prepararem-se adequadamente para os desafios futuros, as Pequenas e Médias Empresas devem familiarizar-se cada vez mais com as inovações digitais. Necessitam de competências tecnológicas para poderem continuar a cumprir com os desejos dos seus clientes. Contratar os especialistas em falta é uma necessidade a que ninguém pode escapar. As empresas não devem sobrestimar o tempo necessário para estes ajustamentos.
 
O papel do empregador também precisa de ser reconsiderado, uma vez que atravessa uma mutação constante e fundamental. No futuro, vão procurar e contratar sobretudo funcionários que tragam consigo as características humanas que a automatização e a Inteligência Artificial não conseguem substituir. A tecnologia não tira o lugar às pessoas; apenas lhes presta apoio, em cada vez mais áreas.

Os funcionários estão a tornar-se mais exigentes 

As empresas também devem ajustar-se aos novos desejos e expectativas da força de trabalho. O mundo das ideias no mercado de trabalho do futuro será diferente.
 
Quando escolhem um emprego, os jovens centram-se sobretudo no significado da atividade. Ao mesmo tempo, a lealdade aos empregadores está em queda e o job hopping irá tornar-se mais frequente. Um estilo de gestão positiva é, portanto, muito importante para a retenção da força de trabalho. Os gestores convencem os seus colegas a permanecer na empresa apoiando as suas competências e os pontos fortes pessoais. Para além disso, a formação ao longo da carreira é uma prioridade para muitos funcionários.
 
As empresas devem garantir o acesso permanente a boa formação e a educação mais aprofundada, tanto por si como pela força de trabalho.
 
Ao nível da gestão, não apenas o estilo, mas também os métodos do trabalho devem ser repensados e concebidos de forma mais flexível para os trabalhadores. Uma organização de projetos flexível pode substituir fluxos de trabalho rígidos e arraigados. Quem está no início de uma carreira prefere decidir por si próprio onde e quando é que trabalha, e quer poder encontrar locais de trabalho novos e inspiradores.

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