A mudança constante e imprevisível tornou-se a base do «novo normal» para os proprietários e funcionários das PME portuguesas, que representam mais de 99 por cento do tecido empresarial português. Neste ambiente empresarial de evolução constante, os modelos e operações tradicionais estão em disrupção, lutando para competir com os novos modelos e equiparar resultados, à velocidade desejada. Contudo, estas organizações prosperam e saltam para a frente ― e o seu sucesso atribui-se ao facto de abraçarem a Transformação Digital, e de a transformarem na sua prioridade estratégica.
Assim, como é que uma organização pode juntar-se a esta tendência de crescimento? É necessário que se comece por definir uma estratégia de Transformação Digital para a empresa, o que pode parecer assustador. Mas basta seguir estes dez passos para que seja possível embarcar num programa de mudança que junte pessoas, processos e tecnologia.
É imperativo que quem lidere o programa da Transformação Digital dentro da organização tenha experiência e competências adquiridas na relação com o cliente, com capacidade para se concentrar nas oportunidades de gerar novas receitas e de criar valor para os clientes.
Tão importantes como o produto e o preço já foram no passado, a experiência do consumidor é hoje crucial para determinar quem ganha e quem perde. Num mundo digital, os clientes são mais exigentes e trocam de marca mais facilmente devido a más experiências enquanto consumidores. Os clientes esperam experiências digitais simples, intuitivas e apelativas em todos os canais. Mapear a viagem do cliente é uma maneira de definir o comportamento esperado e desejado do utilizador.
A cultura de empresa é definida pelos seus valores, pela atitude dos funcionários, e por como se fazem as coisas, em geral. Ainda que não exista uma estratégia universal para estabelecer as bases de uma cultura digital, a investigação indica que esta inclui, tipicamente, os seguintes elementos definidores:
- os funcionários são encorajados a criar novas soluções através do envolvimento com clientes e parceiros;
- os funcionários são encorajados a tomar decisões pela empresa, seguindo princípios orientadores;
- os funcionários podem correr riscos, falhar, aprender e alargar os limites, para uma experimentação contínua;
- o foco está no planeamento de curto prazo e na tomada de decisões rápida, mais do que na elaboração de planos detalhados, a longo prazo. Promove-se a melhoria contínua;
- o trabalho de equipa garante a partilha de informação através da empresa.
É importante avaliar regularmente a paisagem competitiva, controlar e comparar a evolução das suas ofertas de produtos e serviços. Esta prática é tão relevante agora como há décadas. A diferença fundamental é que agora as empresas precisam de pensar de forma mais abrangente quando pensam na concorrência da era digital. Quer se trate de uma empresa B2B ou B2C, o que importa é que o centro do negócio esteja nas pessoas e nas suas experiências.
Tente imaginar como seria um modelo de funcionamento digital para o negócio. As empresas mais competitivas no digital experimentam soluções e processos, que geram receitas e ajudam a prever necessidades futuras, respondendo rapidamente a quaisquer lacunas.
O ritmo e o sucesso da Transformação Digital são tão bons quanto as equipas que os tornam possíveis. Assim, é importante confirmar que novas competências (tanto a formação relacionada com gestão de empresas como conhecimentos técnicos) terão de ser contratadas ou treinadas.
Ponha o seu cliente no centro de quaisquer melhoramentos em processos. Uma das mudanças mais importantes em processos para estimular a Transformação Digital é a metodologia de desenvolvimento de software Agile. Idealmente, o utilizador final do produto ou serviço deve ser envolvido no seu desenvolvimento. O seu feedback sobre o que funciona ou não refina as funcionalidades ao longo do desenvolvimento.
A Transformação Digital tem o potencial de causar ansiedade entre os funcionários, levando a uma resistência à mudança. Para combater esta tendência, tem de existir um plano claro para a mudança que incorpore formação e comunicação, levando em consideração as diferenças nos cargos, localizações e áreas de responsabilidade das pessoas. Será sempre melhor sobre comunicar e fazer correções no momento oportuno.
A Transformação Digital requer investimento em nova tecnologia. À medida que as empresas envelhecem, a sua tecnologia torna-se normalmente mais antiga, e toda a tecnologia de uma empresa tende a estar ligada numa teia complexa. Tal terá consequências involuntárias sobre outras tecnologias em quaisquer alterações realizadas, ainda que muito pequenas, a resultarem em complexidade e despesas desnecessárias. Para resolver esta situação:
- reveja o estado da tecnologia atual, os riscos de não se modernizar, e defina depois o futuro tendo em conta os riscos associados;
- desenvolva tecnologias que não estejam tão interdependentes, mas antes interligadas num ecossistema, o que vai permitir aplicar mudanças a uma plataforma independentemente das restantes;
- desenvolva uma estratégia cloud-first. A tecnologia da cloud ajuda as organizações a tornarem-se mais flexíveis e a escalar os seus recursos consoante as necessidades;
- considere eliminar a tecnologia mais obsoleta;
- padronize a tecnologia ao máximo. Podem existir múltiplas empresas ou unidades de negócio a operar na organização, e estas podem ter diferenças entre si que justifiquem a utilização de tecnologia diversa.
A maturidade digital é a medida da Transformação Digital de uma organização e da sua capacidade de criar valor através do meio digital. Conhecer o nível de maturidade da sua empresa pode ajudar a colmatar falhas, caminhando em direção a um estado de verdadeira Transformação Digital. Finalmente, nunca é demasiado tarde para agir ― apenas algumas organizações estão genuinamente maduras, digitalmente.