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Duas vantagens destacam-se quando as empresas agem de forma sustentável: permanecem competitivas e reduzem custos. Saiba neste artigo como fazê-lo.

Duas vantagens destacam-se quando as empresas agem de forma sustentável: permanecem competitivas e reduzem custos. Saiba neste artigo como fazê-lo.

10.10.2021
12 minutos 12 minutos
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Conteúdos
A Responsabilidade Social Empresarial (ou RSE) deveria ser a regra para gestores que pretendem agir de uma forma sustentável. Uma gestão responsável e sustentável assegura competitividade internacional e eficiência financeira. Mas a RSE significa também ser responsável pelo ambiente, pelo desenvolvimento social e pelas gerações futuras.

Alguma vez pensou que dispensadores de sabão, cajus e a floresta amazónica estão ligados à responsabilidade empresarial e à sustentabilidade das Pequenas e Médias Empresas (PME)?

Os três exemplos que se seguem clarificam as diversas formas de praticar hoje uma gestão empresarial responsável e sustentável. As ideias, projetos e medidas necessárias são tão especializadas e pormenorizadas como nos produtos ou serviços de outros setores.

Leia os casos de sucesso de um fornecedor de produtos de higiene e de vestuário de trabalho, de uma empresa de snacks e de um produtor de fragrâncias e aromatizantes.

Exemplo 1: Ciclos de reutilização e dispensadores de sabão inteligentes

A CWS-boco é líder internacional em fornecimento de produtos de higiene e vestuário de trabalho, que se foca cada vez mais nas questões da poupança e reutilização de recursos nos seus serviços.

Em cooperação com o Instituto Fraunhofer for Integrated Circuits (IIS), a CWS-boco tem, entre outras coisas, desenvolvido dispensadores inteligentes de sabão. Graças ao novo sistema de informação desenvolvido, dispensadores de toalhas de papel, sabão e papel higiénico são agora reabastecidos apenas nos níveis necessários.

Tal significa que a compra e o armazenamento podem ser plaenados com maior detalhe. As equipas de limpeza já não precisam de verificar cada divisão das casas-de-banho. Um planeamento detalhado e orientado para as necessidades de utensílios poupa tempo, reduz o esforço das equipas de limpeza e assegura um elevado nível de higiene, sendo que os dipensadores estão sempre suficientemente preenchidos.

Exemplo 2: Uma compra ética de frutos secos

O grupo Intersnack é o maior fornecedor europeu de snacks e petiscos, tais como amendoim e caju. A empresa está atenta ao exercício da sua responsabilidade social ao longo de toda a sua cadeia de abastecimento. O grupo Intersnack faz um esforço, por exemplo, para assegurar uma compra ética de cada caju que chega aos supermercados.

Para este fim, entre outras coisas, a empresa leva a cabo projetos com um efeito positivo sobre as condições de vida e de trabalho de fornecedores e pré-fornecedores nos países onde são cultivados os frutos secos. A Fair Trade Cashew Cooperation, na Tanzânia, melhora os rendimentos de oito comunidades, ao passo que o projeto African Cashew melhora as receitas de cerca de 150 mil agricultores.

Exemplo 3: Proteger ecossistemas sensíveis, alcançar objetivos climáticos ambiciosos

Além de proteger o clima, o produtor de fragrâncias e aromatizantes Symrise também está empenhado em assegurar a manutenção da biodiversidade. A empresa depende principalmente de materiais de base vegetal para cerca de 10 mil ingredientes e matérias-primas, sendo que alguns deles têm a sua origem em ecossistemas sensíveis da floresta amazónica.

Os gestores reconheceram, numa fase precoce, que a exigência de matérias-primas e ingredientes naturais e produzidos de forma sustentável está a crescer continuamente, mas essas matérias estão a ser ameaçadas pelas alterações climáticas e pela redução da biodiversidade. Com este compromisso, a Symrise não só assegura ingredientes orgânicos para a comercialização, como ao mesmo tempo protege ecossistemas ameaçados. Por exemplo, a Symrise atingiu as suas metas climáticas ambiciosas para 2020 logo em 2016.

O novo desafio: pensar de forma eficiente e cautelosa

Estes três exemplos de empresas são apenas partes de um conceito de responsabilidade social alargado e estratégico em cada um dos casos. Demonstram, na verdade, como podemos ver a responsabilidade social empresarial em prática. Economia e ecologia não são mutuamente exclusivas; eficiência de custos e clarividência podem complementar-se de forma sensata. Desta forma, prova-se que as empresas podem tomar responsabilidade, de forma sustentável, pela sociedade, pelo ambiente e pelas gerações futuras, com ideias inovadoras e um planeamento criativo.

Os termos responsabilidade social e responsabilidade social empresarial são usados frequentemente como sinónimos. No entanto, numa análise detalhada, percebemos que o tema ou conceito mais geral da responsabilidade social inclui vários temas, como a responsabilidade social empresarial, a governança empresarial, a cidadania corporativa e a gestão de sustentabilidade. Pode encontrar a definição de vários termos na caixa, mais abaixo

Mantenha as suas operações económicas, para seu bem e dos outros 

Cada vez mais gestores e proprietários começam a entender o peso do conceito da responsabilidade social por estes dias. Em breve compreenderão também por que é que uma atividade sustentável é, de todo, do interesse económico também de uma PME (Pequenas e Médias Empresas).

Todos os que avaliam detalhadamente os processos das suas empresas em termos de consumo de energia e utilização de recursos, bem como efeitos diretos e indiretos sobre o ambiente e a sociedade, pouparão muito dinheiro. «A responsabilidade social empresarial é também a arte de pensar de forma eficiente e cautelosa», afirma Sven Grönwoldt, especialista de RSE e consultor empresarial, acrescentando que «pensar de forma sustentável contempla o fator do futuro em toda e qualquer equação».

Em cada empresa e local de trabalho, existem vários caminhos possíveis para agir de forma sustentável e reduzir a emissão de gases com efeito de estufa. O artigo Empresas sustentáveis: é tão simples, da Job Wizards, mostra alguns dos que poderão ser passos iniciais gerais.

A força da competição pela sustentabilidade reside no facto de dela saírem apenas vencedores.

Sven Grönwoldt, Senior Consultant / Geschäftsführer

Uma cadeia de abastecimento sustentável cria segurança no planeamento

Todos os que estão atentos à manutenção de padrões de qualidade na gestão de cadeias de abastecimento, tais como a Intersnack e a Symrise, empresas acima referidas, estão a investir no futuro, na segurança do planeamento da sua própria empresa e em trabalhos seguros. AS PME, em particular, são frequentemente fornecedoras de empresas maiores, que prestam maior atenção a questões de sustentabilidade social e ambiental.

Poquê? Porque as empresas maiores são cada vez mais questionadas no que toca a estas questões, seja por stakeholders importantes ou por grupos de interesse como legisladores, acionistas, investidores ou parceiros contratuais.

A posição de cada empresa, aos olhos de consumidores e clientes cada vez mais críticos, é também um fator de peso neste contexto. O público em geral está cada vez mais consciente no que toca a questões sociais e à saúde e segurança no trabalho, uma pressão que põe o assunto na agenda das grandes e das pequenas empresas.

O futuro das empresas também depende de tendências sociais

Uma gestão consistente da responsabilidade empresarial, com foco nos padrões e serviços sociais, é cada vez mais importante para a viabilidade futura de empresas em regiões estruturalmente frágeis. A gestão da saúde e do equilíbrio entre vida laboral e pessoal, saúde e segurança ocupacional, formação contínua, convívio familiar e a diversidade e igualdade de oportunidades são áreas de atividade cada vez mais importantes. Empresas que agem de forma sustentável, numa base de responsabilidade empresarial, têm vantagem reconhecida em termos de imagem e de competitividade. O crescimento do número de anúncios de trabalhos «sustentáveis», como no site https://goodjobs.eu/de, mostra como é hoje importante a responsabilidade corporativa para os candidatos.

Um comportamento empresarial sustentável e responsável é um objetivo cada vez mais importante para as PME. No entanto, a forma como as grandes multinacionais gerem a sua responsabilidade social só dá uma parte da resposta a estas empresas. Fará sentido para as PME apresentar publicamente as medidas de responsabilidade ambiental e social que implementam? Perguntámos ao especialista em Responsabilidade Social Empresarial Sven Grönwoldt, cofundador e sócio da Grönwoldt&Partner.

Quem afirma é:

Sven Grönwoldt

Especialista em estratégia de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e em consultoria de gestão em RSE. Cofundador e sócio da Grönwoldt&Partner, conferencista sobre temas de gestão de sustentabilidade e comunicação, detém 15 anos de experiência de consultoria na finança, em Responsabilidade Social Empresarial em vários setores e desenvolvimento estratégico. Os clientes da Grönwoldt&Partner’s incluem a CWS-boco International GmbH, a Gebr. Heinemann, organizações como a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional) GmbH e vários municípios locais.

 

Reciclar, gestão da cadeia de abastecimento, proteção dos ecossistemas, monitorização sistemática de tendências ambientais e sociais ao longo da cadeia de valor acrescentado: as multinacionais estão a mostrar como se faz a gestão da Responsabilidade Social Empresarial. E estão a tornar públicos os seus reports sobre o assunto. Esta forma de atuação faz sentido também para as PME?

 

Sven Grönwoldt: Normas internacionais como a General Reporting Initiative (GRI) são úteis apenas como orientação para as PME. Mas isso não deve esconder o facto de que a gestão da sustentabilidade e o seu report podem oferecer benefícios surpreendentes às empresas mais pequenas.

O que quer dizer com essa afimação?

Sven Grönwoldt: Ser uma empresa sustentável e responsável já é uma discussão recorrente para muitas PME. Mas muitos empresários evitam reportar sobre esses temas, fazendo a si próprios perguntas como «para quem é que estamos a reportar? Para clientes, funcionários, políticos locais? E com que fim? Para vender mais ou para manter fiéis os nossos clientes? E, se começarmos a relatar as nossas atividades, será que não nos vão encher de perguntas? E será que poderemos, a longo prazo, dar resposta às expectativas que vamos criar? Não seria melhor continuar a fazer um bom trabalho, mas sem falar muito sobre isso?»

São muitas perguntas. Que respostas tem para as empresas que se debatem com elas?

Sven Grönwoldt: Estas perguntas são todas legítimas. Mas o facto é que as PME também já não conseguem escapar às questões de sustentabilidade. Sem iniciativas sobre sustentabilidade, e sem as comunicarem, as PME enfrentam um futuro arriscado e vão perder oportunidades, como por exemplo poupar custos e recursos, aproveitar melhores oportunidades em novas encomendas (porque as grandes corporações exigem provas de sustentabilidade das empresas em concursos), e obter financiamento mais facilmente, porque a performance na sustentabilidade é cada vez mais um critério importante de decisão para bancos e investidores.

Está então a dizer que as PME, como parte da cadeia (global) de valor acrscentado, têm agora de medir e documentar os efeitos das suas atividades sobre o ambiente e a sociedade?

Sven Grönwoldt: Sim, definitivamente. As PME têm de tomar uma posição relativamente a temas como a crise climática, a escassez de recursos, a ameaça aos habitats naturais e o desenvolvimento demográfico; caso contrário, acabarão por perder a sua «licença para operar» e tornar-se-ão um fator de risco para outras empresas na cadeia de valor. De uma forma direta: serão expulsas desta cadeia. Já não é suficiente fornecer bons produtos e serviços se não se puder falar abertamente sobre o efeito que determinada atividade empresarial está a ter no ambiente e na sociedade.

Mais informação
Importante: todos nós podemos fazer algo para travar as alterações climáticas. Existem muitas formas de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa no local de trabalho. Pode ler sobre coisas que pode fazer na sua empresa no artigo Empresas sustentáveis: é tão simples.

Quais são os seus conselhos para os empresários que se debatem com estes temas?

Sven Grönwoldt: Aconselhamos às PME na Alemanha com experiência limitada em gestão da sustentabilidade a aplicação do «Código de Sustentabilidade Alemão». Esta norma standard é reconhecida e permite-lhe mostrar que está a assumir responsabilidade pelo ambiente e pela sociedade sem se esconder atrás de pormenores, resumindo a gestão sustentável ao essencial e evitando regulamentações arbitrárias.

Quando custa, aproximadamente? É possivel calcular a Responsabilidade Social Empresarial?

Sven Grönwoldt:

Existem vários aspetos relacionados com essa questão, como, por exemplo, se uma empresa é produtora ou prestadora de serviços. E pretende fazer apenas o que é absolutamente necessário ou realizar um «exercício voluntário»?

O custo pode situar-se entre 5 mil e 500 mil euros, dependendo do modelo de negócio. Também deve ficar claro que a despesa em RSE não é um investimento pontual, mas sim uma parte permanente da estratégia, exigindo monitorização. Uma das coisas que definitivamente deve ser considerada ao decidir a favor ou contra a gestão da sustentabilidade é o que pode custar ao seu negócio se não investir em RSE, ou se investir muito pouco.

Quanto tempo é necessário para implementar uma estratégia de gestão de RSE?

Sven Grönwoldt: Muitas das coisas que hoje se enquadram na categoria de RSE e gestão da sustentabilidade já existem há anos nas empresas: gestão ambiental, aspetos de sustentabilidade nos Recursos Humanos, proteção no local de trabalho e gestão da saúde, formação, conformidade. A chave é não ver estas áreas de ação isoladamente e ajudar os vários departamentos a ultrapassar a sua mentalidade compartimentalizada. Assim, podemos compreender que a gestão de RSE é uma abordagem de gestão integrada. As pessoas que gerem empresas ficam muitas vezes surpreendidas com todas as sinergias que a resolução coletiva de questões críticas pode alcançar.

Quando aconselha clientes sobre a criação e expansão da gestão de RSE, qual é o primeiro aspeto que procura?

Sven Grönwoldt: A primeira coisa que fazemos é trabalhar com as pessoas responsáveis para avaliar as suas circunstâncias. Qual é o modelo de negócio da empresa? Quais são as exigências do mercado? Qual é o status interno da RSE? Depois é uma questão de determinar pontos fortes, oportunidades e ameaças, dentro e fora do negócio. Por fim, analisamos o impacto social e ecológico do negócio e olhamos para os processos a montante e a jusante na cadeia de valor.

O que acontece depois desta análise?

Sven Grönwoldt: O passo seguinte é aplicar ferramentas adequadas para uma gestão eficiente de dados de RSE e para controlo. A Grönwoldt&Partner ajuda a implementar e expandir sistemas de gestão, tais como de gestão ambiental, de cadeia de abastecimento, conformidade e gestão da saúde. Trabalhamos com especialistas nestas implementações.

E no que toca à elaboração de relatórios?

Sven Grönwoldt: Mais uma vez: o objetivo é atingir um equilíbrio. Se não sabe o que dizer ou reportar, comece apenaspor fazê-lo. Aconselho as pessoas a concentrarem-se em agir honestamente nos seus negócios, em vez de confiarem em estruturas inadequadas. A RSE e a sua comunicação serão bem sucedidas se os críticos mais exigentes estiverem satisfeitos: a sua própria força de trabalho.

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